quarta-feira, 1 de junho de 2011

O azar do Carlinhos


Nunca ouvir dizer em alguém mais azarado do que o meu vizinho Carlinhos. Ele disse que só acorda cedinho colocando o pé direito no chão para reduzir metade dos desastres do dia a dia. Já acostumou a acordar sozinho, pois de tão azarado a pilha acaba durante a noite ou como aconteceu na semana passada, o despertador quebra segundos antes de despertar.

O coitado não joga em nada, por que sabe que não ganha, as contas dele só chega atrasada para pagar com juros, sempre chove quando ele esta de pé, sem carro, sem dinheiro, com papeis e atrasado. O cabra e tão azarado, que no verão foi trocar o telhado da casa e bateu uma chuva de granizo em pleno nordeste brasileiro.

Vai te danar com um cabra azarado que nem aquele, quando saio com ele, fico até com medo de alguma coisa acabar acontecendo comigo também. Mais parece que o azar do homem não é contagioso, o que me faz ficar mais tranqüilo. Apesar disso, presencio o sofrimento do coitado todos os dias, e sempre disse para ele que uma hora a sorte vira a casaca e vai pro lado dele.

Uns dias desse atrás o coitado saiu comigo na rua, fomos beber um pouco em um bar. Era um dia de domigo e aproveitamos para assistir futebol com uns amigos, foi aquela maior suada. Já no fim do dia quando estávamos voltando, Carlinhos me chamou para ir em uma padaria para comprar os pães que sua mulher lê recomendará. Compramos os pães, e ao dobrarmos a primeira esquina Carlinhos soltou um berro, havia perdido 250 reais.

Fizemos de tudo nesse dia, voltamos na padaria, procuramos pelo chão, perguntamos aos amigos se não tinham visto, ninguém sabia de nada. Desanimado mais visivelmente conformado, fomos para casa, ele estava muito acostumado com esse tipo de coisa e já perto de casa, demonstrava bom humor. Quando já estávamos perto de nos despedir, Carlinhos soltou outro berro, pensei que o danado agora tinha perdido os pães. Sorridente ele me mostra 50 reais, havia achado 50 reais.

Carlinhos não se continha de felicidade, jurava que seus dias de azar haviam caído, não lembrava de forma alguma de já ter achado alguma coisa, quanto mais dinheiro. Nos despedimos e cada um foi para sua casa, eu pensei comigo mesmo, se fosse eu que tivesse perdido 250 e achado 50 estava arrasado, enquanto o Carlinhos não se continha de felicidade. Será que o danado do azar poderia ajudar na felicidade? Fui dormir pensando nisso e até hoje não sei a resposta.

Autor: Edmilson Rodrigues da Rocha Júnior

1 comentários:

serena disse...

Bom... Criativo, mais parece que faltou um fom mais legal, como você costuma fazer.

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