Em pleno sol quente dos diabos, lá ia seu Frederico com sua família, sua mulher com os cabelos enrolados e embolados, arrepiados e claramente sujos. Seus dois filhos cabisbaixos, roupas rasgadas, a pele escura do sol, uma casca grosa havia se formado na pele. Era dessa forma que todos caminhavam ninguém conversava, apenas se entreolhavam de vez em quando, e caminhavam quase sempre cabisbaixo.
A noite chegou rápido, parecia mais confortável caminhar sem ter aquele sol dos demônios na cabeça, como se fosse capaz de explodir uma cabeça ou queimar vivo um ser humano. A família de seu Frederico passou uma cerca, do outro lado uma plantação de melancias, seu Frederico foi na frente, mandou todos esperar, abaixou, começou a trabalhar em função de retirar a melancia. Em pouco tempo estava com quatro grandes melancias selecionadas entre varias que estavam no local.
Fazendo um sinal com as mãos, a família de Frederico veio ajudar a carregar as melancias. Foi então que eles escutaram latidos de um cachorro vindo em sua direção, o cachorro descobre através de algumas moitas e vem em disparada na direção de Frederico, o homem tentando se defender gira o corpo de lado e com um galho na mão tenta espantar o bichano. Uma voz corta a barulheira da família de Frederico. MÃOS AO AUTO. Grita uma voz causando silencio repentino e Frederico obedece a ordem imediatamente soltando a melancia no chão pois o homem estava armado.
Soltando diversos palavrões o homem armado parecia possuído, chingava Frederico de ladrão e vagabundo, e ameaçava atirar todo instante. Desesperado e constrangido Frederico pede misericórdia, alegando que estava faminto e morto de sede, mas o homem não queria explicação e não aceitava justificativas. Mesmo assim Frederico ainda pedia uma melancia para sua família e depois poderia até atirar nele pois ele pouco importava.
O homem analisa por algum momento, e da ordem para pegar as melancias e sair dali imediatamente, antes que ele mude de idéia. Rapidamente Frederico e sua família pegam tudo o que pode levar, e sai sem se despedir, novamente caminhando cabisbaixos. Ao chegar à beirada da estrada se sentam todos e colocam as melancias no chão, em minutos só restaram caroços e até mesmo algumas cascas haviam sido introduzidas goela abaixo. Novamente todos pegam a estrada, e de longe o homem armado vê a família desaparecer na curva da estrada.
Autor:Edmilson Rodrigues da Rocha Júnior
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